terça-feira, 31 de janeiro de 2012

As CFR’s e suas funções social e formativa

O projeto das CFR’s originou-se na França, em 1935, partindo da iniciativa de um grupo de famílias rurais, que buscavam uma educação diferenciada para os jovens do meio rural. A perspectiva de educação requerida pelas famílias era que se oferecesse, além do ensino básico, uma formação profissional visando atender às necessidades do homem do campo adequando-a a realidade local. Dessa forma, o projeto das CFR’s consiste na idéia de responsabilidade e comprometimento das famílias envolvidas, na formação dos jovens, com o objetivo de promover o desenvolvimento de base local. A partir dessa perspectiva o projeto expandiu-se para os cinco continentes em trinta países.

A proposta da CFR’s é a de desenvolver competências nos jovens do meio rural, com faixa etária entre 14 e 24 anos, que possibilitem articular novas técnicas agrícolas associadas aos conteúdos de português, matemática, ciências, geografia, história, etc., para depois atuarem como agentes multiplicadores, repassando o conhecimento adquirido para os seus familiares. Assim, os jovens aprendem a trabalhar na própria terra e, juntamente com seus familiares e educadores, discutir as características do seu município a fim de desenvolver o potencial local e a melhorar a qualidade de vida da população.
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Há que se considerar, também, o papel mobilizador que a CFR exerce no sentido de estabelecer contatos e parcerias com prefeituras, que desejem apoiar a criação da CFRs no município; com universidades, setor público e privado a fim de participarem da realização do seminário de inserção no projeto; e com a comunidade através dos meios de comunicação local, para divulgar o seminário de apresentação de suas propostas. Neste seminário, geralmente, identifica-se o grupo de agricultores interessado em desenvolver o projeto da CFRs. A partir daí, se estabelece uma agenda de encontros e compromissos para a elaboração do projeto na comunidade.

O alicerce da CFRs é a “Pedagogia da Alternância”, a qual se constitui num processo de formação a partir da avaliação estratégica e do envolvimento das famílias rurais e dos articuladores que, num processo “dialógico” de análise da realidade e de interação entre sujeito e objeto, passa a despertar para a compreensão dessa realidade. O que significa desenvolver percepções dos problemas e potencialidades vivenciados pelas famílias rurais, possibilitando a construção e apropriação de conhecimentos para aplicá-los na transformação da realidade rural.

A política pedagógica da “Pedagogia da Alternância” se constitui num processo de formação que alterna tempos de trabalho dos jovens, com a participação dos pais, com tempos de estudo, com o acompanhamento técnico e pedagógico do monitor e educador. Desse modo, a alternância prevê uma semana em regime de internato, na CFR, e duas semanas em casa com a família. A troca permanente de saberes em torno do conhecer, da análise e da intervenção na realidade, permite aos jovens e famílias avançar na participação instrumental, baseada no “fazer”, para uma participação conceitual fundamentada no “ser”, onde os jovens e famílias desenvolvem sua consciência, através da reflexão. Esse aprendizado entre os jovens, suas famílias e os educadores possibilita a instauração do processo participativo, no qual a tomada de decisões é assumida pelos mesmos, bem como o gerenciamento de suas ações nos projetos de sustentabilidade. Tal esforço se caracteriza como um foco irradiador do desenvolvimento local, onde a preocupação com a elaboração de uma política de comunicação rural pela CFR entra em cena.

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